Inaugurada
em 31 de outubro de 2003, a Casa Museu de Areia Branca esteve fechada ao longo
dos últimos anos para uma grande reforma, concluída recentemente. Com expectativa
de ser reaberto em 2 de janeiro do próximo ano, o espaço conserva uma variedade
de itens que impressiona: lá, o visitante vai se deparar com fotos e
informações a respeito dos primeiros moradores de Areia Branca, até elementos
como garrafas encontradas em um navio naufragado na região em 1945, em plena
segunda guerra mundial.
“Tudo começou através de um projeto que desenvolvi no povoado de Redonda,
intitulado ‘Resgatando Areia Branca’. Decidi reunir objetos da comunidade,
trazidos pelos próprios alunos. Achei interessante, então tive a ideia de criar
o Museu, mas me preocupava com o tempo, me perguntava se ainda havia como
conseguir peças tão antigas. O projeto aconteceu em setembro e no dia 31 de
outubro já estava abrindo a Casa”, relembra Máximo Rebouças.
A primeira peça adquirida pelo professor foi um rádio, no próprio povoado de
Redonda. “Troquei o rádio, que pertencia a uma senhora da comunidade, por um
ventilador. Comecei a juntar, comprar objetos, as pessoas diziam que eu estava
gastando dinheiro com besteira, ficando doido, mas gostava daquilo. Hoje essas
mesmas pessoas já me elogiam, dizem que isso é importante para a cidade”, conta
o professor, conduzindo a equipe de reportagem pela Casa Museu.
Logo na entrada, o público conhece a história do fundador de Areia Branca:
Francisco de Borja, mossoroense, abolicionista, que chegou a então ilha
desabitada em 1870. “Ele tinha uma visão de que um dia a Ilha prosperasse e se
tornasse uma cidade grande. Por isso construiu a primeira casa de taipa, trouxe
a mulher e cinco filhos”, diz Máximo Rebouças, acrescentando que o município
possuiu outros dois nomes antes de ser oficialmente denominado como Areia
Branca: Ilha de Maritacaca e Ilha de Areia Branca.
Seguindo pelos corredores, os visitantes encontram documentos que foram
importantes para a cidade, como registros notariais de séculos passados. “São
documentos que foram passando de geração em geração e que as famílias me doaram
ou eu comprei”, explica o professor de inglês e artes, apaixonado por história.
Ainda nos primeiros corredores, é possível identificar como eram as residências
construídas em Areia Branca após a sua fundação, através de uma série de
quadros pintados pelo artista plástico Francisco Manuel. “Temos ainda aqui a
primeira bandeira da cidade, datada de 1973 e um espaço dedicado especialmente
para Deífilo Gurgel, a pessoa mais importante de nossa cultura. São objetos
pessoais do advogado, historiador, poeta mais ilustre de Areia Branca”, comenta
Máximo Rebouças.
Cadastrada em 2006 pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a Casa preserva
também inúmeras cédulas que circularam pelas mãos dos areia-branquenses de 1960
até os anos 2000 e moedas de 1870 a 1994. “Faço questão de dizer que todas as
cédulas passaram de mão em mão aqui mesmo na cidade, não foram compradas pela
internet ou algo parecido. Guardo ainda um modelo dos primeiros caixas
eletrônicos da cidade, da década de 1990. Digo aos meus alunos quando eles vêm
aqui que não fiz esse Museu para a geração atual, e sim para as futuras. Daqui
a 50, 100 anos, tudo isso terá mais valor”, enfatiza o proprietário.
FONTE: O MOSSORÓ